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A Personalidade Africana Du Bois, o pai do Panafricanismo 1°

A ideologia Panafricanista, antes de expandir-se pelo continente como bandeira de libertação, surgiu de um sentimento de solidariedade e consciência de uma origem comum entre os negros do Caribe e dos Estados Unidos, envolvidos numa luta semelhante contra a violenta segregação racial. Essa solidariedade difusa data da segunda metade do séc. 19, sem que no entanto tenha tido uma organização política para instrumentá-la ao nível das Américas.
O termo Panafricanismo foi cunhado pela primeira vez por Sylvester Willians, advogado negro de Trinidad, por ocasião de uma conferência de intelectuais negros realizada em Londres, em 1900. Willians levantava sua voz contra a expropriação das terras dos negros sul-africanos pelos europeus e conclamava o direito dos negros à sua própria personalidade.
Essa reivindicação vai propiciar o surgimento de uma consciência africana que começará a expressar-se a partir do I Congresso Panafricano, organizado em Paris, em 1919, sob a liderança de Du Bois. Ele profetizou, então, que o racismo seria um problema central no século 20.
Du Bois foi o verdadeiro pai do Panafricanismo. Opôs-se, dentro dos Estados Unidos, ao reformismo de Booker T. Washington, defensor de uma formação técnica para os negros, para que então eles pudessem competir com os brancos e ter seus direitos políticos. Outro valoroso adversário de Du Bois foi Marcus Garvey, de origem caribenha, favorável a um retorno dos negros à África, para o que organizou uma companhia de navegação e, utilizando-se de um discurso extremamente populista, conseguiu com seu grande carisma arregimentar multidões de negros.
Du Bois foi o primeiro panafricanista a defender que a unidade entre os negros americanos e caribenhos com os africanos deveria basear-se na compreensão de que a origem de sua dominação tinha uma raiz comum: o imperialismo.
William Eduard Burghard Du Bois (W.E.B) nasceu em 1868 de uma família já de classe média em Massachusetts e morreu em Gana aos 95 anos, em 1963. Nesse mesmo ano realizava-se a grande manifestação pelos Direitos Civis de Martin Luther King e era criada a Organização da Unidade Africana, um embrião do seu sonho panafricano.
Diplomado em Economia e História pelas universidades de Fisk e Harvard, com doutoramento em Sociologia em Berlim, Du Bois participou, em 1905, da criação do Movimento Niágara, pioneiro, no século 20, na luta política. Em 1908, ele liderou a criação da Associação Nacional para o Progresso das Pessoas de Cor (NAACP, da sigla em inglês) e foi o redator-chefe da Revista Crisis, órgão da associação.
Nessa época, a sua reivindicação principal era a de uma autonomia para os africanos “organizada na base do socialismo e da economia cooperativista, onde não haveria lugar para milionários brancos ou negros”. Auto-determinação nacional, liberdade individual e socialismo democrático eram as bases do pensamento de Du Bois. Mais tarde, acusado pelo macarthismo de ter evoluído para o comunismo, exilou-se em Gana. Ganhou o prêmio Lênine da Paz, em 1959. Deixou uma obra de mais de 15 livros escrita sobretudo entre 1896 e 1946, entre as quais se destacam Colour and Democracy (1945) e The World and Africa (1946). No Brasil, foi editado em 1999 o seu livro “As Almas da Gente Negra”, escrito em 1903.
Du Bois foi o organizador dos cincos primeiros Congressos Panafricanos: Paris (1919); Londres (1921); Londres-Lisboa (1923); Nova York (1927) e o de Manchester (1945). Este se constituiu numa virada do Panafricanismo, que passou a ser mais do que uma manifestação de intelectuais negros, sobretudo das Américas, para se tornar um instrumento de luta política pela independência da África, principalmente das colônias britânicas da África Ocidental.
O Congresso de Manchester, ainda presidido por Du Bois, proporcionou o surgimento, a nível internacional, de uma nova liderança africana anticolonialista onde se destacavam as figuras de Kwame N’Krumah (Gana), Jomo Keniatta (Quênia), Peter Abrahams (África do Sul), D. R. Makonnen (Etiópia) e Jorge Padmore (Trinidad), co-responsável, com N’Krumah, pelo secretariado do Congresso.
Por outro lado, o publico presente ao Congresso era majoritariamente composto por sindicalistas e estudantes africanos e não mais de intelectuais americanos. Padmore, na sua obra clássica “Panafricanismo ou Comunismo?” Defende a tese de que nascido da convicção da superioridade branca, o comunismo manifesta a crença de que o continente africano não poderia encontrar em si mesmo as forças destinadas a organizá-lo.
Esta polêmica está relacionada com o fato de, na época, os comunistas não levarem em consideração a especificidade do colonialismo e da questão racial, achando que tudo se resolveria com a revolução socialista.

Windi,Larissa A.,Raiane,Vitoria,Giovana,Gabrieli,Victor P.,Alexandre,Joana,Uerverton,Lucas.

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